domingo, fevereiro 17, 2013

Segredos do Vaticano

Publicação: 17/02/2013 12:32 


Agência O Globo
Desde o anúncio da renúncia de Bento XVI, diversos segredos relativos à saúde do chefe da Igreja Católica vieram à tona. Na quinta-feira, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, admitiu que o Papa batera a cabeça durante uma visita ao México em 2012. O sombreiro que usou na viagem teria como objetivo ocultar o ferimento. Dois dias antes, o mesmo assessor reconheceu que o Pontífice tinha um marcapasso há dez anos e que escondeu uma cirurgia para trocar a bateria do aparelho em novembro passado. Coube ao L’Observatore Romano, o jornal do Vaticano, revelar que a decisão de renunciar já estava tomada desde maio do ano passado.
A tradição de segredos do Vaticano não é nova e pode ter consequências trágicas, como quando o mundo descobre escândalos de abuso sexual, nos quais bispos transferiram religiosos acusados para outras paróquias, em vez de denunciar os crimes. O silêncio é institucionalizado, e vai dos assuntos mais graves ao mais corriqueiros da Santa Sé.
"É preciso entender que todos os funcionários do Vaticano e suas autoridades fazem um juramento quando assumem um cargo", lembra John Thavis, autor do livro Vatican Diaries."Isso não é algo tranquilo. Eles prometem manter em segredo qualquer informação relativa ao Papa".
Uma das mais curiosas tentativas do Vaticano de esconder um fato foi quando o Papa João Paulo I morreu repentinamente, em 29 de setembro de 1978, após só 33 dias de papado. Enquanto fiéis discutiam teorias conspiratórias - que chegaram a mencionar uma ação da máfia e o Banco do Vaticano -, a Santa Sé tentava manter uma informação oculta mais prosaica: seu corpo foi descoberto por uma freira, que ia acordá-lo.
Segundo o Vaticano, Albino Luciani morreu de infarte. Mas uma autópsia nunca foi autorizada, alimentando rumores como o de envenenamento. Uma década depois, o escritor e jornalista britânico John Cornwell levantou uma hipótese diferente: João Paulo I não teria suportado a pressão do cargo e deixado, conscientemente, de tomar seus medicamentos. Uma teoria um pouco estranha, se for considerado que Luciani ficou conhecido durante seu breve pontificado pela expressão risonha e afável.
Seu antecessor, Paulo VI, teve um segredo revelado após a sua morte. Seu secretário particular, monsenhor Pasquale Macchi, contou que o Papa levava sob as vestes pontifícias um cilício - uma espécie de cinturão feito de crina ou lã áspera, às vezes com pontas, usado como forma de penitência.
Já o Papa João Paulo II, que teve um papel forte na desintegração do comunismo, teria sido alvo de uma campanha da KGB para desacreditá-lo. O polonês Karol Wojtyla soube usar de seu carisma para combater o comunismo, fazendo com que sua mensagem ultrapassasse a Cortina de Ferro. De acordo com o jornalista Tad Szule, autor de uma biografia do Pontífice, os partidos comunistas e o serviço secreto russo tentaram mostrar as políticas do Vaticano como prejudiciais, mas não tiveram muito sucesso.
A Santa Sé justifica a discrição em torno dos papas argumentando que eles são detentores da verdade divina, descompromissados com as leis mundanas e dotados de infalibilidade. Em particular, a palavra do Papa é a final em qualquer questão. Mas Bento XVI pode deixar o pontificado como um dos mais discretos ocupantes do Trono de Pedro.
Ele conseguiu manter alguns de seus segredos a salvo mesmo dos membros mais próximos, embora alguns deles estivessem sob seus narizes. Um convento dentro do Vaticano, por exemplo, vinha sendo reformado há meses. Oficialmente, as obras seriam para abrigar mais freiras. O novo inquilino, no entanto, deve chegar assim que o novo papa for escolhido e atende pelo nome de Joseph Ratzinger - um teólogo alemão que soube como ninguém liberar apenas as informações que desejava e quando desejava.
Bento XVI pede que católicos abandonem o egoísmo


Agência O Globo 17/02/2013 11:44
Na primeira bênção dominical desde o anúncio de sua renúncia, o Papa Bento XVI disse que a Igreja “chama todos os seus membros a abandonarem o orgulho e o egoísmo, e viverem no amor”. A multidão que se aglomerou nesta manhã na Praça de São Pedro gritava “Vida longa ao Papa!", enquanto o pontífice falava da janela de seus aposentos. O papa deixará o comando da Igreja Católica no dia 28 de fevereiro.
"A Igreja convoca todos os seus membros a se renovarem, o que envolve uma luta, um combate espiritual, porque o espírito do mal quer nos desviar do caminho em direção a Deus", afirmou.
Diante da multidão, ele disse em espanhol:
"Eu peço que continuem orando por mim e pelo próximo papa".
Discursando em italiano, em parte de seu discurso sobre a Quaresma, o Papa falou sobre a dificuldade de tomar decisões importantes.
"Em momentos decisivos da vida, ou melhor, em cada momento da vida, estamos numa encruzilhada: queremos seguir o "eu" ou Deus, o interesse individual ou o bem real, o que é realmente bom?", questionou.
Bento XVI também agradeceu pelas “orações e suporte que foram demonstrados” pelos fiéis e fez votos para que a "contemplação da paixão, morte e ressurreição de Cristo nos ajude a segui-lo mais de perto".
A tradicional oração do Ângelus, e a penúltima cerimônia a ser celebrada por Bento XVI, atraiu neste domingo uma multidão estimada em mais de 50 mil fiéis na Praça São Pedro. A prefeitura de Roma colocou mais trens e ônibus em circulação para atender os fiéis, e está oferecendo transporte gratuito para idosos e deficientes. Chá quente gratuito também está sendo preparado para ajudar a combater o frio desta época do ano.
Às 18h deste domingo no horário de Roma (14h de Brasília) o Papa irá se retirar para a realização de exercícios espirituais que devem durar toda a semana — algo que já estava previsto para o período da Quaresma.


Eleição do sucessor de Bento XVI pode ser antecipada, diz porta-voz do Vaticano


Agência Brasil

Publicação: 17/02/2013 11:33 Atualização:
O processo de eleição do sucessor do papa Bento XVI pode ser antecipado, segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. O conclave – quando os 117 cardeais se reúnem para a eleição do futuro papa – pode começar antes do período de 15 a 20 março, se todos os religiosos tiverem chegado ao Vaticano. De acordo com Lombardi, a antecipação está prevista na Constituição e na sua interpretação.
O processo de eleição do papa segue um rito que não tem prazo definido para ser concluído. A aprovação do nome do sucessor deve contar com o apoio de dois terços dos eleitores presentes. Ao ocorrer consenso, há uma fumaça branca divulgando que o nome do papa foi escolhido.
"O papa [Bento XVI] olha para a eleição de um sucessor que tenha, como ele disse, vigor no corpo e no ânimo e uma personalidade que possa enfrentar os desafios do nosso tempo no modo adequado, o que ele sentia mais difícil com o passar do tempo e com o diminuir das forças", ressaltou o porta-voz.
No próximo dia 28, Bento XVI renuncia. A partir desta data ele ficará, por dois meses, na residência pontifícia de Castel Gandolfo. Em seguida, ele viverá no mosteiro de clausura, no Vaticano, que está sendo reformado. Segundo o porta-voz, a decisão de viver no local é para estar perto da Basílica de São Pedro. “[Por motivos de caráter] logístico organizativo, de comunhão, de apoio de continuidade espiritual com o seu sucessor", disse.
Ao longo desta semana, o papa ficará em retiro espiritual. O período acaba no dia 23. Segundo o porta-voz, três meditações diárias do cardeal Gianfranco Ravasi, que serão divulgada pela Rádio Vaticano. No próximo dia 27, Bento XVI tem uma audiência geral com 35 mil pessoas. A estimativa é que esse número aumente.


*Com informações da rádio do Vaticano

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