domingo, maio 12, 2013

Radiação pelo césio 137

Os Bastidores da Reportagem.


Vicente Filgueira - Editor de Conteúdos
Abaixo, uma galeria de fotografias relembra o caso do acidente com o césio 137, ocorrido em Goiânia no dia 13 de setembro de 1987. Há muito tempo que o Irã obtém urânio brasileiro para emprego na indústria bélica. Em 2002, trabalhava no Diário da Manhã, naquela capital, na elaboração de reportagens especiais sobre lugares místicos e aparecimento de casos de OVNIs. Naquele ano, viajei para a cidade vizinha a Paraúna, Amorinópolis. Queria respostas para a grande incidência de casos de câncer de estômago, esôfago e de pele naquela cidade. Havendo quebrado um braço, percorria com assiduidade os corredores do Hospital Universitário, no setor do mesmo nome, em Goiânia. Sendo um hospital-escola, trabalhava-se ali com todos os tipos de moléstias. Assim, olhando os casos de maiores incidências, acabei por descobrir que a maioria esmagadora dos doentes com diagnóstico de câncer era habitantes de Amorinópolis. Naquela cidade, acompanhado do historiador Antônio Carlos Volpone, nossa equipe foi recebida pela prefeita Maria Aparecida Leite de Andrade (2001-2004 e 2005-2008), uma mulher loira e alta, de hábitos exóticos, com longas botas de couro e jeans impecável, e sua secretária de Serviços Sociais, Vângela, que nos hospedou com muito carinho. Logo, descobrimos que a cidade foi construída sobre uma enorme jazida de urânio e toda a sua água e também a vegetação continham radiação atômica, o que depois ficou comprovado por técnicos do CNEN (Conselho Nacional de Energia Nuclear) que consegui trazer do Rio de Janeiro, através de contatos com o Dr. Rosental, famoso pelo trabalho de medições radioativas em Goiânia, relacionadas ao acidente com o césio 137. Além da contaminação observada nos pastos e riachos de toda a região, descobrimos pontos críticos que chamaram a atenção dos técnicos, a água de uma torneira na lateral da Igreja Matriz de Amorinópolis, onde os aparelhos atingiram píncaros na marcação de radioatividade.  A viagem a Amorinópolis acabou rendendo uma boa série de reportagens. Empolgada, a prefeita promoveu debates na Câmara dos Vereadores e até um baile no principal clube da cidade e a nós foram concedidos títulos de cidadão honorário. As autoridades começaram a ter olhos para o município e mais de 400 pessoas acabaram por fazer exames em Goiânia para conhecer o real estado de contaminação em seu organismo. Logo, surgiram informações de que na década de 60 grandes aeronaves pousavam nas montanhas próximas a Paraúna com tropas militares muito bem armadas, que impediam o acesso de moradores. De madrugada, "o barulho dos gigantes de aço acordava todo mundo, rompendo o céu e carregando pedras que retiravam nas escavações das montanhas, enquanto tropas permaneciam de guarda. Diziam que os carregamentos iam para o Irã",segundo relato de um sexagenário entrevistado. (Aguarde continuação deste "Bastidores da Reportagem" (Jornalista Vicente Filgueira, Editor de Conteúdos).



 
Revista Veja

Irã tenta obter urânio na América Latina, revelam arquivos

A República Islâmica sondou fornecedores em países como Venezuela e Bolívia

O Irã estuda desde 2006 a possibilidade de obter urânio em vários países da América Latina, em particular Venezuela e Bolívia, segundo os telegramas diplomáticos revelados pelo site WikiLeaks.

De acordo com o diário espanhol El País, uma das cinco publicações que tiveram acesso prévio aos mais de 250 mil telegramas confidenciais, as comunicações entre as embaixadas dos EUA na região e o Departamento de Estado mostram que Washington apurou até os mínimos detalhes sobre o interesse de Teerã no óxido de urânio.

Segundo o El País, os documentos expõem um comentário do ministro de Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, sobre o "desmesurado tamanho" da representação diplomática iraniana na Bolívia e sua relação com a busca de urânio no país andino.

O periódico insiste que é na Venezuela onde os iranianos estão desenvolvendo uma maior atividade relacionada com a obtenção de urânio, no que teria o respaldo do Governo de Hugo Chávez.

O diário menciona que testemunhos recolhidos pela embaixada de Washington em Caracas confirmaram a presença, em diferentes períodos que começam em 2004, de um total de 57 técnicos iranianos que trabalharam em organismos relacionados com a mineração e geologia.

Os telegramas que vazaram mostram que as embaixadas americanas vigiam de perto a presença de urânio em qualquer país da região, seja natural ou processado.

O diário cita um relatório secreto que adverte sobre a descoberta de munição com urânio empobrecido em um armazém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e da existência no norte do Brasil, perto da fronteira com a Colômbia, de explorações ilegais de diversos minerais, entre eles o urânio, em poder de grupos como as Farc.
(com Agência EFE)


Césio 137: Para não esquecer

Nos 25 anos de um dos maiores acidentes nucleares do mundo,  relembramos 

o episódio que marcou o País




Fotos: Associação das Vítimas do Césio 137 e Divulgação
Um aparelho de radioterapia abandonado. Este foi o princípio do maior acidente radioativo no Brasil e o maior do mundo fora de usinas nucleares. Há exatos 25 anos, no dia 13 de setembro de 1987, o dono de um ferro-velho no centro de Goiânia, Devair Alves Ferreira, comprou de dois catadores de lixo um aparelho de radioterapia que havia sido encontrado em um terreno onde funcionava uma clínica de exames médicos. Ao abrir a máquina, ele encontra uma cápsula contendo uma pedra azul que emitia um brilho intenso. Maravilhado com o achado, ele leva o objeto para casa e o mostra à sua família, entre os presentes, a sua mulher, Maria Gabriela Ferreira, sua sobrinha Leide das Neves Ferreira, e os irmãos, Ivo Ferreira e Odesson Alves Ferreira.
Naquele dia,  e nos dias que se seguiram, a família presenteou amigos e vizinhos com porções da pedra brilhante que facilmente se transformava em pó. Foi só quando começou a sentir os sintomas da radiação – náuseas, vômitos, fortes dores de cabeça e queimaduras – que a família buscou saber de que se tratava o material. De ônibus, Maria Gabriela levou o que restou da pedra até a Vigilância Sanitária da cidade.
Enquanto a família e as demais vítimas que tiveram contato com o material  tratados no Hospital de Doenças Tropicais, descobre-se que o produto era césio 137, um metal altamente radioativo criado em reatores nucleares como produto da queima de urânio 235. A descoberta se deu 16 dias após o acidente, no dia  29 de setembro.
Para tentar conter a radiação, a  Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) monitorou os níveis de radioatividade dos locais onde o aparelho passou e de mais de 110 mil pessoas, que formaram filas gigantescas para serem analisadas no Estádio Olímpico. Em 271 delas a radiação foi constatada.
Dezoito dias depois, em 1º de outubro, 14 pessoas foram levadas para o Hospital Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, em estado grave. Quatro morreram, entre elas a menina Leide das Neves Ferreira, de apenas 6 anos, sobrinha de Devair, que se tornou símbolo da tragédia.  Maria Gabriela Ferreira, 37 anos, Israel Batista dos Santos, 22 anos, e Admilson Alves de Souza, 18 anos, foram as outras vítimas fatais diretas. A Associação das Vítimas do Césio 137 estima-se, no entanto, que 104 pessoas tenham morrido e cerca 1,6 mil tenham sido afetadas pela radiação em Goiânia.
O episódio causou pânico na cidade.  Nos enterros das vítimas – em valas de concreto e caixões de chumbo -  populares atiravam pedras nos caixões protestando contra a presença dos corpos em cemitério comum.
Autoridades destruíram o ferro-velho e residências da região, além de pertences das famílias contaminadas. Toneladas de lixo radioativo resultante dessa limpeza foram enviadas para um depósito construído especialmente para abriga-las em Abadia de Goiás.
Condenação dos responsáveisSócios na Clínica de Radiologia de Goiânia, que abandonou o aparelho, os médicos Carlos Bezerril, Criseide Castro Dourado e Orlando Alves Teixeira e o físico hospitalar Flamarion Barbosa Goulart foram condenados por homicídio culposo – sem intenção – em fevereiro de 1996 pelo Tribunal Regional Federal de Brasília. Todos cumpriram três anos e dois meses de prisão em regime aberto, com prestação de serviços à comunidade.

Nenhum comentário: